Mãe do jovem modelo de Cantanhede que assassinou Carlos Castro está a desfazer-se do seu património para pagar a defesa do filho. Associação vai angariar fundos Odília Pereirinha, mãe de Renato Seabra, assassino confesso do cronista Carlos Castro, detido numa ala prisional do Bellevue Hospital, em Nova Iorque, regressou ao trabalho no Centro de Saúde de Cantanhede, onde exerce a actividade de enfermeira. Logo que regressou dos Estados Unidos, onde esteve a apoiar o filho, Odília Pereirinha, 53 anos, colocou à venda a sua casa situada no centro de Cantanhede «para fazer face aos encargos do processo e da defesa do filho», conforme disse ontem ao nosso Jornal a advogada e amiga da família, Paula Fernandes.
Embora esta advogada não confirmasse ao Diário de Coimbra que Odília Pereirinha está a ponderar meter baixa psicológica e posterior antecipação de reforma para poder viajar definitivamente para os Estados Unidos para acompanhar de perto o filho, a venda do seu património (casa, carro e tudo o que tiver - como revelou ao jornal Sol), indicia, exactamente, essa intenção e desejo.
O apoio à família de Renato Seabra tem-se manifestado de várias formas, sobretudo em Cantanhede, e a mais importante revela-se, agora, com a criação de uma associação, aliás já formalmente constituída, conforme confirmou ontem ao DC a irmã de Renato, a médica e presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Cantanhede, Joana Seabra.
«Chama-se Associação Estrela de Afectos, nasceu de um grupo de amigos, já está constituída legalmente e tem como objecto principal apoiar famílias cujos familiares se encontram a responder em processos judiciais no estrangeiro», revelou Joana Seabra, acrescentando que a associação, neste caso particular, vai centrar a sua atenção e apoio à família de Renato Seabra.
A Associação já abriu uma conta numa instituição bancária com o fim de receber donativos para ajudar Odília Pereirinha, porém, explicou Joana Seabra, o NIB dessa conta ainda não pode ser divulgado «porque precisa de uma autorização do Ministério da Administração Interna».
À frente da Associação Estrela de Afectos está Diogo Costa da Silva, que preside à Direcção, Nuno Ruela Santos (Conselho Fiscal) e Miriam Silva (Assembleia-Geral), com quem o DC tentou falar, sem, contudo, o conseguir. Aliás, nesta altura, em Cantanhede, praticamente ninguém quer falar sobre o drama da família Pereirinha, e Joana Seabra, além das informações que nos deu sobre a criação da associação, recusou liminarmente falar sobre o caso do seu irmão, o mesmo sucedendo com a advogada da família, Paula Fernandes, que, pelo menos enquanto não for conhecido o veredicto do Supremo Tribunal de Nova Iorque (dia 1 de Fevereiro), também não fala à comunicação social. Porém, esta mesma jurista de Cantanhede, entregou-nos ontem um curto depoimento de agradecimento escrito por Odília Pereirinha (ver caixilho) dirigido à população de Cantanhede.
Petição online
Esta semana foi lançada na Internet uma petição a pedir a extradição de Renato Seabra para Portugal, se o jovem for condenado pelo homicídio de Carlos Castro. Esta petição é dirigida ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Assembleia da República e Procuradoria-Geral da República e está disponível desde o início da semana no site www.peticaopublica.com e consta da lista dos documentos "mais activos".
A petição recorda que mesmo que seja condenado a prisão perpétua pela morte do cronista, Renato Seabra poderá vir a cumprir pena em Portugal. «O país já recebeu portugueses a quem os Estados Unidos ditaram tal sentença, reduzindo-a para 20 e poucos anos», diz o texto da petição. «Seria uma forma de atenuar o sofrimento da família. Nenhuma mãe deve estar separada do seu filho. Um cidadão português não deve estar preso longe do seu país e dos seus costumes», continua a petição, cujo número de signatários é, ainda, desconhecido.
Gratidão aos amigos "portugueses e estrangeiros"
Odília Pereirinha não quer falar à comunicação social. «Está muito abalada», diz a advogada Paula Fernandes. Contudo, fez questão de agradecer o apoio que tem recebido não só em Cantanhede e, num manuscrito redigido e assinado pelo seu próprio punho, fez chegar ao nosso Jornal através de Paula Fernandes o seu agradecimento que, em dois parágrafos, diz o seguinte: «Gostava de agradecer, em meu nome e da minha família, as inúmeras manifestações de apoio e amizade incondicionais dos amigos portugueses e estrangeiros. Queria também manifestar a minha gratidão para com a população de Cantanhede que neste momento difícil se uniu à nossa causa - Odília Pereirinha».